Machado salvou meu feriado!

Hoje: terça feira, 28 de fevereiro de 2006.
(na verdade ontem)

Após alguns dias sem trabalho ou aulas o tédio já me corroía. Acordei, vim para o computador, MSN e Orkut; cobras que desvirtuam qualquer alma do bom caminho (a minha na verdade), não demorou muito a enjoar-me dos velhos papos de MSN e procurar algo para fazer... Subtamente resolvi continuar a leitura de Quincas Borba.
Sagrado momento foi este em que Machado de Assis bateu na porta de minha vida - estou sendo pretencioso: fui eu quem bati à sua porta. Bati timidamente, pois nem fazia idéia de como sua obra tinha força, e fui aqui e ali desvendando sentimentos que até então não conhecia na leitura.
Foi com Memórias Póstumas que consegui me deliciar com diversas passagens curiosas, com a ironia única em que Machado descreve suas estórias e personagens. Como na passagem onde Brás Cubas se refere a sua amante de tantos anos e a si mesmo como criaturas saciadas da vida! Nada mais belo, e até diria consolador, que esta imagem. Imaginar que cada um de nós pode chegar ao fim dos dias olhando
para trás e dizendo: da água deste poço bebi e cá estou sem sede alguma.
Este entusiasmo com o qual me refiro a este grande autor é de justa causa: suas obras realmente trazem um grande sentimento de prazer e realização. Conduzindo seus romances com extrema maestria, Machado fala conosco enquanto estamos a ler seus romances, faz críticas ironicas, traz à tona muitos sentimentos e pensamentos que repudiamos - mas não deixamos de senti-los, evidenciando a contradição na natureza humana. Suas personagens se desenvolvem de maneira rápida e enveredam por caminhos inesperados, muitas vezes contrários a sua aparente índole - mas sem tornarem-se incoerentes por isso.
Concluo falando de sua ironia que muitas vezes satiriza nossos
comportamentos mais exóticos, banalizando-os e ajudando-nos a encarar
com mais naturalidade toda essa bagunça em que se encontra o nosso
pensamento humano - mas que fique bem claro: Ele o faz em pitorescas obras únicas!