Monday, October 30, 2006

Aqui está uma das poesias mais interessantes que já li:


Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

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Andei passando por uma das piores fases da minha vida, sinto que a cada passo me aproximo de um abismo que me espera.
Tenho que reaprender a gostar do mundo. Nada me atrai, nada me alegra consistentemente. Os momentos felizes são como sopros curtos em ferida que arde.
Queria poder deitar no colo da moça como fazia anos atrás... Saudades de tempos que não voltam, as circunstâncias andam subtraindo tanto.

E se alguém disser que devo pensar na existência de gente menos afortunadas, direi: "Não construo meu consolo na desventura doutro pobre".

2 comments:

Iris Helena said...

O meu colo serve? Não é uma brastemp...mas serve tá, galego?
;***
O poema é lindo. quem é o autor?
Beijinhos ;*

Anonymous said...

André, estou estupefato com o que você escreveu. "Os momentos felizes são como sopros curtos em ferida que arde." Que coisa linda! Meu muito querido amigo, a felicidade está sendo buscada pela humanidade desde que se tem registro de nossos antepassados. Tudo gira em torno dela. Tudo mesmo. Pelo menos, você não está só, se lhe serve de consolo. Não serve, né? Depois conversamos melhor. Abração!