
Quando terminei o ensino médio, meu sonho era ser professor. Ao saber que havia passado no vestibular, para o curso de história, fiquei feliz, pois meus almejos pareciam possíveis.
Havia, porém, uma longa espera de um ano, e eu precisava me ocupar. Surgiu, então, uma oportunidade de um bom trabalho, meu ano de 2006 parecia extremamente promissor.
Não parei de estudar, fiz, como muitos sabem, um curso de português e, depois, um de introdução à Filosofia no local onde trabalho. De fato, tudo melhorava, foi um período de muitas conquistas e descobertas, porém, hoje, um ano depois, lembrando quem era antes dessas experiências, noto que algo se operou em mim, muito além de sintaxe ou lógica aristotélica: amadureci, tornei-me adulto, meus anseios e convicções são outros.
E, enquanto lia sobre ética profissional, percebi que algo ficou esquecido. Meu objetivo não é mais lecionar, não há mais o romantismo de construir conhecimento e formar jovens conscientes, contribuindo com a sociedade, agora, preocupo-me com a sobrevivência, e com o que, até então, eu ignorava: conforto. Meu devaneio altruísta foi esmagado pela realidade. A cobiça está aqui, ela é parte deste cotidiano tipicamente capitalista.
Não sou mais feliz que antes - como podem muitos concluir - e não desejo esse sentimento de perda de humanidade a ninguém. Acredito que as fantasias são necessárias, elas nos permitem abrir os olhos pela manhã e enxergar, nesta selva cruel e desumana, música e poesia.
Sonhem sempre.
Listening to: El Bolero de Ravel
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