Olhei nos olhos dela, não seria a última vez que o faria. Sentia um incômodo dentro de mim: quando as coisas não são como a gente deseja, ficamos um pouco contrariados e desconfortáveis.
Seus lábios eram tão macios que pareciam recheados de algodão-doce, sua pele, alva, possuía um cheiro bom. Nas suas palavras, nos seus gestos, havia algo de ingênuo e infantil, porém de uma maturidade gostosamente juvenil. A cada sorriso, cada alegria, fazia-se luz no meu espírito.
Mas, não há, freqüentemente, correspondência de afetos, e, do riso, pode fazer-se o pranto. Sem lágrimas ou dores, desfez-se o que era sonho, com um tom de naturalidade que rodaria a cabeça de qualquer romântico, pois nestas criaturas habita uma valorização do impossível e de sofrimentos infundados.
Não sou romântico, sou escritor.
Há uma vantagem nos amores não concretizados: rendem poesia. Basta ter-se paciência de esperá-los amadurecer, mas sem chegar a contaminar completamente o seu espírito, gerando um sensato sentimento de fim, que traz inspiração, mas sem dores insuportáveis.
Não é o amor romântico que move o homem letrado, ele sabe que as coisas mundanas são finitas e pequenas, mas, sim, a subjetividade, a abstração. O mundo real se vive sem sal e tempero, a fantasia aproveita-se, sonha-se, chora-se, emociona-se: à vida, assistimos, a arte, vivemos.
Ela se foi, mas a engrenagem dos sonhos ficou - intacta.
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Infelizmente não lembro o nome do pintor que fez aquela gravura.
Texto chinfrim, mas gostei, praticando que se chega lá.
;)
See yaa!
2 comments:
Não sabia que meu amigo além de desenhista, era também poeta! Gostei do seu blog, voltarei aqui sempre quer dé.
beijão
Nem todo choro precisa de olhos..
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