Saturday, November 01, 2008

Foucault e sua analítica do poder

Não foi sem desconfiança que comecei a estudar Foucault.
Após inúmeras recomendações de leituras pelas figuras mais diversas e inusitadas, inicei os estudos enquanto sua influência me cercava por todos os lados, voltando minha atenção especialmente para três aspectos de sua obra: poder, estado e pontes possíveis com a educação.
Por enxergar nas teorias de Foucault as "sementes malvadas do desconstrutivismo pós-modernista", tinha certa resistência às suas teorias. Assim, surpreendi-me com reflexões acerca de temas que já me inquietavam e com minha identificação com sua obra.
Confesso que passei a ter um preconceito enorme contra autores sem ao menos conhecê-los, apenas por representarem algum tipo de oposição - às vezes improcedente - às minhas idéias, geralmente de algum cunho marxista.
Mas, envergonhei-me com essa postura ao iniciar esses estudos, pois conhecimento não se faz buscando defender um campo do conhecimento - a História no meu caso - ou visando um objetivo - enquanto se procura meios de justificá-los, comumente sem se questionar sobre outros aspectos da pesquisa que não confirmem nossa ideologia, ou melhor, política de verdade.

Assim, foi com grande prazer que encontrei em Foucault questões pertinentes sobre a relação de poder, não mais em um prisma apenas jurídico ou estatal, mas de relações de poder que permeiam toda a sociedade em quaisquer instuição ou entre quaisquer indivíduos.
Indo de encontro a idéia de um poder que segue de cima para baixo, Foucault aponta os aspectos produtivos das relações de poder - não mais um poder repressivo, que nega, pune, oprime -, mas um poder produtivo, que gera algo, especialmente prazer, e que por isso se mantém. Esse poder, também, não se dá em uma relação de completa asujeição, mas se perpetua no eterno conflito, pois sem ele não há relações de poder. Isso tudo em uma perspectiva não apenas do Estado ou Instituições, mas nas relações entre indivíduos.
A minha maior satisfação foi estudar a relação Verdade X Poder, onde verdade é poder. Para Foucault, não existe uma verdade universal, mas políticas de verdade, discursos que aceitos por comunidades ou grupos ganham valor, eficácia, e que são reproduzidos. Assim, estabelecem-se os Regimes da verdade segundo o contexto social daquela civilização, verdade essa que é aceita, antes de mais nada, por produzir efeitos de poder, algo que a sociedade sente necessidade.

É complicado, ainda, para mim, expor tais questões - afinal de contas, não é à toa que ainda hoje se escreve tanto sobre essas questões que comentei breve e confusamente em um pequeno texto de blog. No entanto gostaria de mostrar minha enorme satisfação em encontrar um conhecimento que proporciona uma visão alternativa e interessante e que, noto, é muitas vezes mal interpretado.

Assim, continuarei com minhas leituras e espero em breve, apesar da minha freqüente ausência, contribuir em algo consistente aqui no blog - seja em Foucault ou nas outras leituras que tenho realizado.

Abraços!

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